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Sudoestei-me

por Miss. M, em 18.08.08

Pois é, deste Verão não passou e lá me enchi de coragem para me "sudoestar" e aproveitar um fim-de-semana diferente. Após anos cheia de vontade e curiosidade em experimentar uma “aventura festivaleira” lá consegui cumprir a proeza.

Pronto, confesso que o post vem atrasado, mas ainda não tinha tido muito tempo para me dedicar a este relato.
Resolvi que seria este ano que não perdia o festival do Sudoeste e quando o convite dos meus amigos chegou e o encaixe na agenda laboral permitiu lá decidi que era desta que iria.
Confesso que tive que me mentalizar no que me estava a meter, pois teria que acampar (coisa que nunca tinha feito…); enfrentar o frio nocturno e o calor abrasador de um Alentejo à beira-mar plantado; o pó entranhado em todos os poros do corpo e umas casas-de-banho muito pouco recomendáveis.
Preparei o minha bagagem o pormenor, após os vários avisos dos meus colegas de aventura para não levar “excesso de bagagem”, pois não podíamos exagerar e tinha que caber tudo na bagageira do carro. Despedi-me dos meus sapatinhos de salto alto e munida das velhas All-Stars de guerra, da chinela Havaiana, da malinha hippy e de um look festivaleiro lá me fiz à estrada rumo ao festival.
Após termos estacionado apercebi-me logo que seria um fim-de-semana agreste. Depois de ter carregado a tralha para o parque de campismo e termos instalado a nossa tenda especial “V4” gentilmente cedida para este evento, lá fomos apreciar o espírito da coisa.
Foi engraçado ver aqueles milhares de pessoas, todas em sintonia no mesmo espírito, com pó por todo o lado e simplesmente a curtir o momento.
Reparei naquela gente tão diferente a partilhar a mesma euforia e o mesmo “estado legalize” que se fazia sentir por todo o lado.
Haviam os “Grupos – Campistas – Organizados”, que eram constituídos por pessoal já completamente batido em festivais e campismo, com um espaço estrategicamente demarcado composto por um aglomerado de tendas, com direito a estendal, fogareiro, mesas e cadeiras, música-ao-vivo (djambés e afins….) e tudo o resto que só os campistas mais experientes se lembram em levar.
Os Hippys, vindos em grupos mais pequenos ou a pares cujo lema “Um charro e uma Tenda” encaixa na perfeição; de tererés e rastas no cabelo e acompanhados pelo seu animal de estimação, o chamado “cão-festivaleiro” que bebe cerveja, apanha com “os fumos” e fica quase tão encardido do pó como os seus donos.
Também haviam as Betas e respectivos BetOs camuflados entre os campistas, mas que um olhar mais atento conseguia distinguir na perfeição. Disfarçadas com as calcinhas Aladino-coloridas tão em voga neste festival; os óculos-de-sol da Prada e as rastas postiças sobre um cabelo louro com madeixas lá estavam elas tão bem acompanhadas dos seus babes bronzeados em tronco-nú com os calções à surfista coloridos e com os indispensáveis óculos Ray-Ban à estiloso.
Não me posso esquecer também de referir os Citadinos da capita cujo Alentejo lhes estava a “fazer stress”, como um casal esquizitóide nosso vizinho que ao segundo dia estava a arrumar a tendinha rumo à Brasileira para tomar um café e voltar de novo à civilização. Enfim...há malucos para tudo.
Depois haviam os estrangeiros (espanhóis, ingleses, alemães…); os adolescentes histéricos; os cotas; as loiras; os pastilhados; os mais-betinhos; as famílias-felizes; os rockeiros; os rastas….um grande número de gente toda no mesmo espírito.
Os concertos foram ao rubro, ver Franz Ferdinand, Jorge Palma, Vanessa da Mata, David Fonseca, Brandi Carlile, Chemical Brothers, entre outros, em três dias, foi algo que não se faz todos os dias, até porque não aguentaria ser “amassada” no meio de uma multidão aos pulos envolta numa nuvem de pó regularmente…
Os espaços e os palcos estavam bem conseguidos. Apenas um reparo, não era necessário a imperial a 2,00 Euros, ninguém merece!!!
Quanto ao acampamento…apenas um problema, o do espaço, é que 4 pessoas a dormir na mesma tenda não é lá muito confortável. Especialmente quando a partir das 09h00 já não se conseguia respirar lá dentro de tanto calor. Mas pronto, nada como acordar cedinho e ir directamente dar uma banhoca no canal para despertar. Espaço esse que era animado durante todo o dia, com um D.J e um espaço para aqueles mais “spidados” que não perdem o ritmo durante 24 horas, um bar com preços altamente inflacionados e pessoal sempre de um lado para o outro, ora no canal, ora a tomar banho nos duches colectivos ou a “relaxar” nas tendas.
Também fomos dar uma voltinha à Zambujeira, esta pequena localidade que durante esta semana se enche de festivaleiros em busca de praia, souvenirs hippys e um pratinho de comida para aconchegar o estômago fustigado de álcool e bifanas.
As noites eram animadas e bastante longas, começavam com um jantar improvisado, depois era assistir aos concertos, uma passeata pelo recinto e depois…era para onde o espírito nos levasse, ou curtir um after-hours no campismo, um house num espaço apinhado ou ir para a tenda depois de um estado mais “zen”. Confesso que a ultima hipótese foi a mais votada.
Foi uma experiência que gostei particularmente, gostei do espírito e até consegui conviver com os contras deste tipo de evento, como o pó e as noites mal dormidas.
O que trouxe do sudoeste?! Hum…umas dores nas costas e uma constipação, mas uma vontade enorme de voltar lá para o ano!!
 
 

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publicado às 23:07

Holidays

por Miss. M, em 04.08.08

Algures numa esplanada em Vilamoura, eis que duas amigas se encontram em plenas férias e nada como pôr os assuntos em dia:

 
“.....– Sim, já estou farta disto, não aguento mais um dia naquela casa cheia de gente. Tenho que fazer tudo e aquele bando de molengões não faz nada.
 - Deixa lá, também são só uns dias. Aproveita para te divertires, estares com os miúdos e apanhares sol que te faz tão bem.
 - Pois, dizes isso porque não é contigo. Agora imagina o que é acordar cedo, ir para a praia, voltar da praia e fazer o almoço, arrumar a cozinha….etc, etc. Nem sei como é que ainda alinho nestas férias familiares cá em baixo.
 - Mas estão cá todos?
 - Os do costume, eu e o João, os miúdos, a Sofia e o Miguel; a minha sogra; a minha cunhada e o filho, e este ano também veio o novo namorado dela, o Carlos.
 - Puxa, é muita gente. E onde é que arranjaram o apartamento?
 - Foi uma pechincha, uns conhecimentos da minha cunhada. É uma moradia térrea, ali em Quarteira. O normal, sala, cozinha, dois quartos uma casa-de-banho e um anexo junto à sala. O melhor é que tem um quintal grande com churrasco que faz as delícias do João, sabes como ele adora uma churrascada.
 - Que loucura, tanta gente só com uma casa de banho, isso para mim não dava.
 - Olha, tenho que aguentar mais uma semana. Este ano nem éramos para vir, isto da crise não está para grandes extravagâncias, mas a Carmo insistiu tanto para que viéssemos com ela que o João não teve coragem de dizer que não. Irrita-me ele ser assim, nunca diz “não” à maninha.
 - Sim, ela é um bocado “emperuada”, com a mania que é fina. Desculpa lá, eu sei que ela é tua cunhada, mas não gosto muito dela.
 - Deixa lá, eu sei. Desde que se separou do advogado anda pior. Não faz nada, vive praticamente da pensão que ele lhe dá. Nem agora que estamos cá todos, ela se digna a ajudar lá em casa, dá sempre uma desculpa qualquer para se safar à cozinha e a tudo o resto. Cada vez que vamos ás compras é sempre o João a pagar, ela diz que depois logo lhe dá, mas estou para ver….
 - Isso assim é mau, com o preço a que andam as coisas, é complicado serem só vocês a patrocinarem a comida.
 - Tivemos que cortar em muita coisa e apostar nas saladas de atum e nas sandes. E também fazemos as churrascadas que não são muito caras. É da maneira que faço dieta nas férias. Agora não me podem é tirar o cafezinho e o gelado aqui na Marina em Vilamoura. Se não fossem estas pequenas coisas que nos fazem “sentir de férias” 
 - Assim também eu me passava, felizmente como estamos só com os miúdos, não cozinho para muita gente, e como somos só os quatro ainda vamos algumas vezes ao restaurante.
 - Pois, isso de restaurantes este ano nem pensar. Irmos todos sai caro, por isso estipulámos só ir ao restaurante lá para o final das férias, em jeito de despedida, se sobrar algum dinheiro, claro.
 - Também com os preços que eles praticam aqui é impossível comermos decentemente. É só a pensar nos ingleses, esquecem-se que os portugueses também cá estão, mal do Algarve se não fossem os portugueses cá de férias.
 - É verdade.
 - Sabes quem eu vi no outro dia na praia?! A Carolina, disse que estava ali no Marinotel, parece que este ano veio só com o namorado novo, aproveitou para umas férias mais “.românticas”.
 - Muito me contas, a menina que só passava férias em casa da família em Moncarapacho, porque “não gostava da confusão”!
 - Esse ano rendeu-se ao luxo, háháhá!!
- Imagino, deve gostar tanto dele como eu de lavar a loiça. Cheira-me que só está com ele porque até tem algum dinheiro, acho que a família dele é ali do Estoril.
- Humm… que interessante. Ela até estava com bom aspecto, mais magra e toda morena, mas também deve ser só solário.
 - Isto é um espectáculo, está cá toda a gente, farto-me de encontrar pessoas conhecidas, é sempre o mesmo todos os anos. No outro dia encontrei também a pindérica da Luísa, andava a comprar sardinhas na praça lá em Quarteira, ficou toda atrapalhada quando a fui cumprimentar.
 - Então?
 - Fez-se toda vermelha quando lhe perguntei onde estava. E depois disse-me que estava aqui nuns apartamentos em Vilamoura, o Vilamoura Beach.
 - Duvido….ela até estava apertada de dinheiro. Deixou de ir ao ginásio e tudo.
 - Pois, foi por isso que eu me fartei de rir quando a vi entrar no outro dia ali nuns apartamentos em Quarteira, devem ter aí uns….30 anos e são super pequenos.
 - Mas como é qu conheces os apartamentos?
 - Bem…eu já fiquei lá um ano. Um ano em que vim só com o João e os miúdos, foi um pesadelo, pior que este Verão. O apartamento parecia um forno, a mobília era velha e ainda por cima os vizinhos do lado, uns miúdos novos, faziam festas todas as noites. Um horror.
 - Só tu para te meteres nessas aventuras.
 - Sabes como é, quem tira o Algarve ao meu João em Agosto, tira-lhe tudo. O problemas é que quem fica a precisar e tirar férias depois, sou eu!
- Bem é melhor pedirmos os cafés que eu ainda tenho que ir buscar os miúdos ao MacDonald´s para irmos para a praia.
 - E eu ainda tenho que ir mais uma vez ao supermercado, esqueci-me da salada para o jantar, hoje vamos ter churrasco, para não variar.
 - Haja pachorra!
 - Olhe, se faz favor!! São dois cafés, um curto, mas não muito, em chávena escaldada; o outro cheio e escorrido. Traga também um copo de água.
(….)
 
E é sempre o mesmo ciclo vicioso, o queixume dos que vêm sempre, a critica que não pode faltar e as lembranças de tantos Verões que se passaram, num mês de Agosto quente e cheio. Apenas uma certeza, a de voltar sempre, todos os anos, nem que isso implique uma família numerosa num espaço reduzido, o importante é sempre o estar e aparecer a Sul.
 
E assim se passam mais umas férias em Agosto no Algarve.
 
 
 

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publicado às 23:36


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